Clube dos Escritores 50+Adolfo Leirner Ambulância

A ambulância, conto de Adolfo Leirner

Sou Daniel. Médico socorrista. Médico de urgências. De vidas penduradas no fio invisível do tempo.
Hoje é meu plantão na ambulância. E o céu de São Paulo parece anunciar que também não terá um plantão fácil. Cinzento, zangado. O trânsito na ponte Cidade Jardim não anda. O horizonte guarda um sol trêmulo, lutando para não se afogar na tempestade que se aproxima.

O rádio da ambulância chiando. O limpador de para-brisa em ritmo de metronomo cardíaco. As buzinas, indiferentes, compondo aquela sinfonia caótica que todo socorrista conhece.

Continuar lendo
Clube dos Escritores 50+Adolfo Leirner Beneficência

Beneficência
ou quem é você diante da morte?
de Adolfo Leirner

uitos atravessam a vida sem ter contato com a morte. Outros a veem de passagem, quando perdem alguém querido. E há aqueles que convivem com ela cotidianamente. Coveiros, agentes funerários, enfermeiros, médicos: cada um concilia vida e morte à sua maneira. Uns tornam-se duros, outros filósofos, alguns se matam. Vou contar aqui como entrei para “esse grupo”.

Continuar lendo
Clube dos Escritores 50+ Adolfo Leirner Futebol

Futebol: foi-se o tempo,
crônica de Adolfo Leirner

Foi-se o tempo. Quando garoto ia ao Pacaembu todos os domingos. Às vezes, também aos sábados. Se estivesse de férias no Guarujá, atravessava a balsa para assistir ao jogo em Vila Belmiro. Antes de sairmos para o estádio, eu, meu irmão e, às vezes, os primos, fazíamos o aquecimento batendo bola defronte da casa ou na pracinha. A rua era território da molecada, lá se podia jogar à vontade, e ir desacompanhado ao estádio era coisa natural.

Continuar lendo