Clube dos Escritores 50+ Eder Quintão Corvos

Relato de um corvo, por Eder Quintão

Um amigo meu, professor de biologia, me assegura que entende tudo da
língua dos pássaros, como por exemplo a dos corvos, animais muito
inteligentes e loquazes. Assumo que tenha me contado a verdade pois é um
bom cientista e ateu, e não acredita em disco voador de outro planeta. Contou
que ouviu essa conversa de um corvo da floresta com um corvo conterrâneo
que nunca saíra dela, mas que desejava muito conhecer como vivem os seres
bípedes nas cidades

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Clube dos Escritores 50+ Carlos de Castro Bahia

Bahia, por Carlos de Castro

Um sacolejo forte desmanchou o devaneio. Trechos esburacados da estrada tornaram a viagem mais lenta e sacolejante até o desembarque, horas depois. Na noite quente da Bahia, três jovens mineiros, mochilas nas costas. Uma rápida exploração do entorno, um lanche na padaria – regado a muita cerveja – e se instalaram numa pousada próxima à rodoviária. O dia seguinte era dois de fevereiro: festa de Iemanjá. Téo não fazia ideia do que o esperava.

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Clube dos Escritores 50+ Elisabeth Ferroni Moça branca autora convidada

Moça branca da cidade, por ELISABETH FERRONI, nossa autora convidada

Wekanã tenta mergulhar a cabeça, limitado pelas boias de braço que coloco todas as manhãs, receosa de que meu filho se afogue em mar sem ondas. O esforço vale a pena pelo sorriso que me devolve. Pele morena avermelhada, olhos grandes pretos, cabelo preto liso, franja curta. Corte tipo tigela, era como eu e minhas colegas de faculdade costumávamos chamar aquelas cabeças indígenas na primeira vez que cheguei por aqui.

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Mudança, por Tita Ancona Lopez

Peguei a escova de dentes, mas deixei o vidro de shampoo e o sabonete líquido.
Propositalmente esqueci-me de um pé daquela meia branca com o desenho da Nike em azul.
Levei as roupas, mas deixei uma bolsa.
Os sapatos, levei todos.
Peguei meus papeis, minha caixa de recordações e os livros, porém, deixei dois, com frases marcadas e observações escritas a lápis, em muitas páginas.

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Clube dos Escritores 50+ Tita Ancona Lopez Taturana

TA-TU-RA-NA,
por Tita Ancona Lopez

Era uma taturana verde claro, movendo-se lentamente sobre uma folha verde escuro. A folhagem forrava um muro bem mais alto do que ela mas, a taturana, estava na altura dos olhos. Sabia que não podia encostar o dedo, a avó dizia que taturana queima, tinha tanta vontade de pegar! Passou horas olhando o movimento do corpo comprido, devia cansar aquele mover-se com tantas perninhas, ela só tinha duas e não andava deitada, andava de pé.

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Clube dos Escritores 50+ Silvia Ancona Lopez Senhora

Estando eu posta em sossego…
por Silvia Ancona Lopez

Senhora,
Confesso ter estranhado muito a sua mensagem. De início, pensei em não responder, pois não lhe devo nenhuma satisfação e não vejo motivo para lhe falar de minha vida pessoal, muito menos de minha vida amorosa. No entanto, tenho uma característica – ou, talvez, seja um defeito – gosto de deixar as coisas claras. Não suporto mal-entendidos ou que permaneça apenas a visão unilateral de um fato. Segue, pois, o que se passou.

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