“Tédio: Sensação de enfado produzida por algo lento, prolixo ou temporalmente prolongado demais; sensação de aborrecimento ou cansaço, causada por algo árido, obtuso ou estúpido”.
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“Tédio: Sensação de enfado produzida por algo lento, prolixo ou temporalmente prolongado demais; sensação de aborrecimento ou cansaço, causada por algo árido, obtuso ou estúpido”.
Continuar lendoChamava a atenção. Era bonito, parecia macio e, além disto, transmitia um calor que percorria o corpo de quem olhava. Era alguma coisa que preenchia como se, através dos olhos, entrassem complementos para todos os sentidos resultando em plenitude, só de olhar. Naquela tarde havia muitas pessoas ao redor em paz e silencio quando algo inesperado aconteceu.
Continuar lendoEra uma velha muito velha. Apesar do sol vincado na pele, tinha olhos azuis. Olhos de água. Tinha feito filhos, netos, bisnetos. Seu corpo habitava lugares onde jamais estivera. Tão espalhada pelo mundo que um dia decidiu: não acomodo mais nessa casa. Bateu a porta, largou sua vida antiga ali vendo TV no sofá da sala, saiu sem dizer adeus.
Continuar lendo— Alô, Andréia. É o Marcelo. Estou te ligando pra avisar que eu morri. — Como assim, morreu? Que brincadeira é essa? Você tá onde?
Continuar lendoEu sempre gostei de me esconder. Nos lugares mais prováveis. Embaixo da cama, atrás da porta, atrás da cortina. Era tão fácil de me achar.
Continuar lendoPela pinguela oscilante sobre águas turvas, o menino se equilibra carregando o balde. A mãe espera. Vem balançando, com o balde na cabeça. Olhos abertos direto no lodo. A mãe espera. Ele respira descompassado. O lodo ondeia por baixo da pinguela. A mãe espera. O dorso do bicho raspa na pinguela.
Continuar lendoAquele era o décimo cigarro. Se continuasse assim morreria de câncer antes do filho se formar. Só mais esse, decretou, enquanto olhava a tela em branco do computador. Escreveria sobre a falta de inspiração, embora isso já tenha sido enredo de filme, de livro, de peça. Acabara de ler Infância do Graciliano Ramos. Estava humilhada. Precisava encontrar a sua voz.
Continuar lendo– Há quantos anos nos conhecemos?
– Vixe! Não sei.
– Pensa…
– Desde 1972… faz 45 anos.
– Já testemunhou dois casamentos meus e muitas outras coisas.
– Fui eu quem armou um deles.
Não era muito dinheiro, ela podia comprar, tinha os seus guardados. Não era baratinho também, mas o menino merecia. Ia demorar pra poder usar, mas era um sonho aqueles lápis, vinham em uma caixa de metal com cada um desenhado na capa. O patrãozinho saberia fazer desenhos bonitos com eles, coloridos. Suas mãos agora duras não dariam conta de pegar num lápis, faltavam-lhe firmeza e destreza.
Continuar lendoÀs 12:20 a luz do sol bate inclemente, fazendo com que a sombra flutue deslocada do corpo, que se move com hesitação. A ilusão da luz faz acreditar que são quatro as pernas, em vez das duas, delgadas, que tentam escalar a parede lisa. Ela tenta e cai, tenta e cai…
Continuar lendoEra dia de entrega. Apesar da idade avançada, gostava de fazer pessoalmente. Gostava sobretudo de entregar sapatos para noivos. O casal de hoje conhecia desde criança e, se não estava enganado, havia comparecido ao batizado de um deles. (…) Aquela altura da vida, e tendo visto tantas idas e vindas, se sentia à vontade e obrigado a dar um conselho ou dois.
Continuar lendoApenas um sonho, nada mais. Foi o que a mãe de Ofélia afirmara após ouvir seu relato ao despertar. Ela preferia acreditar nisso, entretanto a dúvida persistia: será mesmo? Quando na noite seguinte acordou sobressaltada com a mesma cena, entendeu não ser aquilo mera coincidência, teria de buscar o significado daquele sonho: um homem sem cabeça pedindo para que lhe acendesse uma vela…
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