E lá vai o conto…. Era uma vez, num amanhã qualquer…uma mulher e um homem. Não, não são uma mulher e um homem, olha lá,
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E lá vai o conto…. Era uma vez, num amanhã qualquer…uma mulher e um homem. Não, não são uma mulher e um homem, olha lá,
Continuar lendoNos reunimos em volta da mesa, louças e talheres de minha mãe. Ela no quadro, nos olhando de lá. As travessas ganharam comidas gostosas, as taças, vinho gelado. Os cachorros, depois de pular em todo mundo, finalmente calmos. Arranhões, fios puxados, ninguém reclamou. A música do Spotify de alguém não atropelava a conversa. Ninguém gritou, conversamos alegremente, colocando em dia os muitos dias que passamos sem nos falar. Vida que segue. Depois, de barriga cheia, os presentes. Sempre bom, sempre carinhoso, como se tivéssemos escolhido esse dia pra dizer que nos gostamos e queremos que cada um ganhe algo que tenha a ver com ele. E mais depois ainda, um deita no sofá, a outro põe o pé na cadeira, a mesa, meio posta meio depenada, abriga mais conversa fiada. Não arredamos pé. Muita coisa pra contar. Lembranças divertidas. As luzinhas piscando enroladas num galho de árvore lembram o povo que é natal. Ou quase. É um natal. E da-lhe mais conversa fiada. Até que um levanta, o outro aproveita e também começa a se arrumar. Um quer uma quentinha com pernil, a outra, vegetariana, só quer a lentilha. Os que vão viajar saem de mãos abanando, só com a sacolinha dos presentes. Todos se beijam, agradecem o jantar. A Maria, responsável por grande parte, recebe merecidos elogios. Pratos empilhados, talheres separados… ai como odeio lavar talheres! A música foi-se com alguém. Apago as luzinhas frenéticas, olho os cachorros, exaustos, caídos pelos cantos, minha cama fofinha. Que noite boa. Sem fotos. Esquecemos. Só vivemos. Acredite quem quiser. Desejo a todos um natal assim, calmamente feliz.
Continuar lendoAgora eu queria ter um menino
que me mostrasse os caminhos
de todas as verdades das flores,
e me descerrasse à vista as fartas cores
que há tempos eu venho ocultando
embaixo da máscara gasta e escura.
Agora eu queria ter um menino
que me pusesse na alma um destino
de só a ele servir, sem trégua ou descanso,
como monumento ao qual eu adorasse
vinte e quatro horas do dia, mas no final,
no corpo, nenhum sinal de cansaço.
Agora eu queria ter um menino
que me acordasse de súbito feito um sino
tocando ao amanhecer quente de verão
e me pedisse que lhe desse o pão
e o fruto que eu, por descuido e medo,
havia negado a mim mesmo quando pequeno.
Surgiram amores entre nós. Alguns pares dançavam de rosto colado, outros se beijavam, mas eu não! Eu era travada, dançava um pouco afastada, rígida e trêmula. Nunca despertei ou facilitei qualquer manifestação de interesse nos italianos.
Continuar lendoAcordei cedo, como de costume, encilhei-me na barata, apertei o botão de partida e me pus a galopar os 125 cavalos do motor de dois cilindros. Destino? Sorocaba, meu torrão natal.
Continuar lendoDeclarei o meu voto e ouvi silêncio. Silêncio que durou dias. Minha impaciência começou a germinar e preciso admitir, senti emergir uma vontade de brigar, pressupondo já saber qual seria a resposta de M. Talvez ele não a tenha dado para não perder uma cliente, talvez por achar que me ofenderia, que eu o censuraria.
Continuar lendoEram gêmeos. Na chegada da escola já chamavam a minha atenção. Olhava, uma certa inveja, ficava pensando, o que seria ter um duplo de mim?
Considerava uma ideia genial ter sempre alguém do mesmo tamanho pra brincar e, mais ainda, igual e com os mesmos gostos, a mesma disposição.
Continuar lendoFoi aí que lembrei onde vira esta paisagem. Ela me aparecera num sonho que tivera quando eu tinha doze anos (eu agora tinha vinte e seis). E esta recordação parecia aumentar ainda mais o meu medo. Sentia-me desorientada, sem entender as causas do meu pavor ou saber o que fazer para me acalmar. Pensei que se tentasse lembrar o resto do sonho ficaria mais tranquila.
Continuar lendoHistórias como essas sempre me fascinaram, eu tenho uma coletânea delas. Quando menina, as chamava de magia do destino, e, no fundo, de uma forma mais simples, acho que é isso mesmo; uma força do universo atua para que as pontas soltas se juntem. Porque se não pegássemos o elevador naquele exato momento, não estivesse o médico a passar por lá naquele exato momento, nada disso teria acontecido. Que viagem é essa no tempo?
Continuar lendoEntão, senhores, aqui me tens. Prostrado não fico, mas respeitoso. Não sei se estou na frente de YWH, Jesus, Alah, Ogum, Vishnu ou Krishna, ou todos eles. Nunca os reconheci, não seria aqui que por falsos temores o faria. Mas se é certo que deva ser julgado, ora, convoco a mim mesmo por testemunha e inicio.
Continuar lendoA origem do pesadelo está/
bem no centro do fundo do mar,/
onde mora um homem muito grande,/
a ponto de precisar se encolher/
para ali ficar.
Volto ao conteúdo das minhas recorrentes reflexões sobre o Tempo “que passa.” Que ele passa, passa mesmo, mas o coloco entre aspas porque no passar do tempo o mais comum é ouvir não só como passa rápido mas como aceitar, em tempo real, no corpo, o fenômeno da finitude Na verdade, sua percepção aguda nos atravessa enquanto temos a certeza de que existimos. Aceitá-lo como passageiro equivale a aceitar a nossa existência neste mundo.
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