Minha mãe, ops! desculpem, mamãe não admitia que eu e meu irmão, a chamássemos de outra forma que não mamãe. Casou-se muito jovem com 16 anos, aos 18 já tinha os dois filhos com diferença de apenas 20 meses. Jovem, bonita e muito vaidosa, acho que não queria que os filhos crescessem para não sentir o envelhecer. Filha de fazendeiros das antigas tinha o hábito de mandar e nunca admitir erros
Continuar lendoJovens no Centro, por Carlos de Castro
“Alguma coisa acontece no meu coração”…sim, para quem chegou agora, existiam encantos no Centro de São Paulo: as grandes lojas, o comércio diversificado e especializado, as livrarias, as lojas de discos e de equipamentos de som. Tudo isso atraía nossa curiosidade, mas havia dois pontos que se destacaram na nossa vida dos jovens universitários: os chopps e as meninas.
Continuar lendoOnde se fez o silêncio, por Lourdes Gutierres
Ela parece dormir, mas os dedos das mãos se movimentam de forma ritmada. Observo que nela mudanças ocorrem de maneira rápida. Há pouco tempo, apoiada em meu braço, caminhávamos até o jardim da casa. Por lá, canteiros coloridos: rosas, azaleias; de repente, aparecia algum beija-flor se nutrindo no hibisco – olhe, olhe, que lindo! Breve encantamento, logo sumia sem deixar rastros.
Continuar lendoDos leques e ventos da memória, por Lilian Kogan
Recentemente num curso sobre a Princesa Isabel, a historiadora que nos dava aula mostrou um slide com um leque feito pela própria princesa. Na ponta de cada vareta, o rosto pintado de algum membro da família.
Se o leque fosse da minha avó paterna, alguns retratos estariam decapitados. Ela nunca aceitou a separação da filha. Dizia que ela merecia ser melhor tratada pelo ex-marido. Enquanto tia Rosa seguia tranquilamente sua vida de desquitada, minha avó ainda esbravejava.
Continuar lendoOs heróis eram outros,
por Carlos Schlesinger
O nome era engraçado para crianças e adultos. Gagarin. Parecia brincadeira. E, naqueles dias, era o que se falava. Gagarin, um astronauta russo, de olhos rasgados, sorria após ser resgatado do primeiro voo de um ser humano no espaço. Os americanos ficaram furiosos e partiram para a competição. Abria-se nova página na Guerra Fria entre as superpotências, a corrida espacial. A guerra era acirrada e novos nomes surgiam e se incorporavam ao conhecimento popular, assim como as façanhas que cresciam a cada dia.
Continuar lendo#memórias
Botões,
por Carlos Fernando de Castro
Vai pro gol!! O alerta obrigatório antes do chute contra o gol adversário continua o mesmo, mas cada época, cada local e cada geração associa esse grito a diferentes imagens e recordações. Um grito que desperta emoções. Voltemos à São Paulo da década de 60. Mais especificamente à tranquila rua Guia Lopes na Mooca.
Continuar lendo#memórias
Reflexões ciganas de passado, presente e futuro,
por Carlos Schlesinger
Eu não queria ter largado o futebol no Maracanã, nem os amigos de todas as horas. Não queria ter largado as danças inconsequentes e todas as suas consequências. Nem queria ter largado praia, teatros , meu piano e as cantorias em volta da fogueira.
Continuar lendoDATA VENIA [odeio gente] – sergio zlotnic
Donde decorre que, agora, feita a exceção em nome da justiça, posso tranquilamente discorrer sobre a relação estapafúrdia entre ‘advocacia pífia e adjetivos úmidos’, meu tema de hoje.
Por que raios eles [os advogados] põem adjetivos em todas as peças jurídicas? Imaginam que têm inclinação à literatura? Pensam que são poetas tuberculosos? Acreditam que as grandes obras da humanidade ganham potência com adjetivos? [quando, sabemos, é justamente o contrário o que se verifica].
Continuar lendo#memórias
La Primo e o cigarro Galaxy, por Lilian Kogan
Lá pelo final dos anos 70, uma modelo tomou um espaço vultoso nas passarelas e na mídia. Curvilínea, com um corpo escultural, muito diferente dessa estranha beleza da magreza em moda nas últimas décadas. Longos cabelos castanhos, soltos de forma despretensiosa, pele dourada pelo sol, pouca maquiagem, sorriso lindo. Transpirava sensualidade, frescor e saúde.
Continuar lendo#memórias
ENTRE FARDAS E DENTES,
mais uma história de Blanche de Bonneval
Quando quis abrir a porta, fui atacada por uma matilha de cães vadios que, famintos, se atiraram contra o carro, tentando me morder pela janela e a porta entreaberta. Estes rafeiros, beges, de pelo curto, com patas e pescoços longos eram extremamente perigosos e não hesitavam em estraçalhar – e devorar – homem ou animal. Não era à toa que os militares saíam todas as noites para matá-los a tiros de metralhadora do alto dos seus Toyotas.
Continuar lendo#memórias
Prospect Park, por Leonardo Quindere
Na saída da estação “Church” tomei um susto, todos os meus sinais internos de alarme dispararam, sigo ou volto? Era por volta do meio-dia, estava claro, mas senti que talvez tivesse descido na estação errada. Os alarmes, construídos pelos anos de vivência na cidade grande e por preconceitos, dispararam quando vi pessoas de várias etnias numa rua de comércio movimentada e com uma predominância de pessoas pretas. E agora? Fico ou vou?
Continuar lendo#memórias #encontros
Que mistério tem Clarice? por Carlos Schlesinger LIGUE O SOM
Sentada na varanda, com um lenço na cabeça a disfarçar as queimaduras que sofrera por um acidente doméstico, ali estava ela. Uma mulher comum, tomando chá, com bolo ou biscoitos, observada por um rapazola pretensioso.
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