Clube dos Escritores 50 + Leo Forte as palavras

Ah, as palavras!
história aflita de Leo Forte

É incrível o que as palavras estão fazendo comigo há já algum tempo. Brincam o tempo todo com minha cabeça. Ás vezes penso que é coisa da idade, elas surgem e somem, acho que rindo de mim.

Cheguei achar que elas se escondiam embaixo do laptop e, pior, quase fui procurar. Tenho uma boa quantidade de livros no meu escritório. Conclui, dentro de uma certa loucura, concordo, que elas se podem estar se escondendo de mim em alguns deles. Tenho quase certeza de que estarão lá, mas o que fazer, como achá-las? Reler todos? Não dá!

Durmo muito bem, é só deitar a cabeça no travesseiro e cinco minutos depois estou dormindo. Nesses minutos, que maravilha, as palavras voltam, entram na minha cabeça antes do sono, e ficam brincando em meu cérebro nos textos que não canso de construir. Mas fazem isso por sacanagem, sabem que no dia seguinte sumirão e não conseguirei encontrá-las.

Passei a dormir depois do almoço, chego a apagar por boas duas horas, para ver se ao acordar consigo agarrá-las e prendê-las nos meus textos. Mas qual o quê, elas sempre fogem pelos vãos do meu corpo.

Não sei mais o que fazer, pensei em consultar um psicólogo ou psiquiatra, um xamã, um pai de santo, uma benzedeira, um padre ou talvez um bispo, mais poderoso, quem sabe um rabino conhecedor dos antigos escritos?

Afinal, onde se esconde a “porra” das palavras?

4 comentários

  1. A-DO-REI! É assim mesmo, Leo. As palavras. Antes ‘queridas’ palavras, agora fogem da gente. Escondem-se. Mas estamos ainda a encontrá-las.

  2. Leo, seu texto nos faz lembrar Drumond: “ Lutar com palavras é a luta mais vã, no entanto lutamos mal rompe a manhã…”
    Por outro lado, seriam as palavras como estrelas que nos guiam em navegações noturnas e desaparecem à luz do Sol?
    Paroles, paroles, paroles…

  3. Adorei, Léo! Palavras malandras, brincalhonas algumas só vivem para nos assustar, logo voltam. Há outras mais cruéis, vão embora sem se despedir, sem mostrar saudade, verdadeiras egoistas, e outras ainda, preguiçosas, só voltam no ritmo delas, numa vagareza irritante….

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