Ela não tinha forças pra sair da cama. Quanto mais decidir o que comer ou mesmo pegar água. Lembrou com saudade da mão da mãe
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Ela não tinha forças pra sair da cama. Quanto mais decidir o que comer ou mesmo pegar água. Lembrou com saudade da mão da mãe
Continuar lendoSou Daniel. Médico socorrista. Médico de urgências. De vidas penduradas no fio invisível do tempo.
Hoje é meu plantão na ambulância. E o céu de São Paulo parece anunciar que também não terá um plantão fácil. Cinzento, zangado. O trânsito na ponte Cidade Jardim não anda. O horizonte guarda um sol trêmulo, lutando para não se afogar na tempestade que se aproxima.
O rádio da ambulância chiando. O limpador de para-brisa em ritmo de metronomo cardíaco. As buzinas, indiferentes, compondo aquela sinfonia caótica que todo socorrista conhece.
Continuar lendoCorria uma terça feira comum, como qualquer terça feira agitada de São Paulo. Trânsito pesado, calor modorrento de verão, chuvas fortes previstas para o fim da tarde. Tomei coragem e parti, logo após o rápido almoço, para o revigorante exercício de uma visita eventual. Sim, é possível encontrar espaço no meio do dia a dia para visitar pessoas, lugares, coisas que fogem ao rotineiro. Visitas esporádicas ou até mesmo acidentais que invadem o terreno da vida que passa ao lado, da maravilha do mundo que gira conosco.
Continuar lendoou crônica de corações partidos em tempos de WA
Como se estivesse num palco, a garota de uns vinte anos declamava num monólogo (na verdade um diálogo, mas como a outra falava baixinho, o que chegava aos meus ouvidos era um monólogo) o rompimento com o namorado. Não ficou claro o estopim da briga, provavelmente contado ainda na estação antes do trem chegar, mas ficou claríssimo, em alto e bom som, os desdobramentos que levaram ao fim do relacionamento.
Continuar lendoBem, amigos que gostam de música de qualidade tanto quanto eu, acho que devemos nos aprofundar um pouco mais na música clássica atual. Já fizemos nossa cabeça durante décadas com composições barrocas, clássicas e românticas. Nós, os velhos, precisamos ouvir os novos.
Hoje apresento a vocês Pēteris Vasks, fantástico compositor contemporâneo, indicado por meu professor do curso de Harmonia e História da Música, Alexandre Spatz.
Continuar lendoBom, o que me ocorreu é que o tempo funciona como uma gigantesca onda que nos carrega, queiramos ou não. Somos impotentes para oferecer resistência e, tal qual burro teimoso, ficar empacados, nem que seja por breves instantes. Ou, como o personagem que Chico Buarque criou na linda letra de Valsa Brasileira: “…corria contra o tempo, … rodava as horas pra trás, roubava um pouquinho…”
Continuar lendoO velório era o the end daquele filme meio drama meio horror que elas tiveram que assistir e que escancarava o fato de que a primeira da turma se fora deixando a pergunta no ar: quem será a próxima?
Esticaram o enterro num restaurante em Botafogo antecipando a primeira quarta-feira do mês e, como sempre, botaram a conversa em dia. Impressionante o tanto de novidade que se arruma em trinta dias – nesse caso, em vinte e cinco. Falaram de tudo, menos da Alice, afinal, o assunto já estava mais do que esgotado. Chamava atenção das outras mesas aquelas cinco senhoras trajando preto e branco conversando na maior animação, e foi apenas durante a sobremesa que uma delas traduziu em palavras o pensamento de todas. – Como vai ser quando chegar a nossa hora?
Continuar lendoAcabei de ler Sátántangó, do escritor húngaro László Krasznahorkai (Gyula, Hungria, 1954), e saí impressionada. O livro é denso, desafiador, mas profundamente revelador sobre a condição humana.
Continuar lendoGeralmente já sei!
Respondo, depois do Instagram me perguntar pela enésima vez a mesma coisa: você sabia como cuidar do peso dos seus pés inchados ou o você sabia que basta misturar farinha com ovo que teremos um nhoque ou o você sabia que para fazer maionese basta um liquidificador e óleo ou, mais irritante, o você sabia e segue a receita de cozinha que já tinha sido herança da minha avó.
Continuar lendo“Sempre tendera a encarar as coisas despreocupadamente, a acreditar no pior somente quando acontecia, a não se inquietar com o dia seguinte…”
Franz Kafka
Descobri que a origem do termo vem do tupi “aku’ti” que nomeia o pequeno mamífero roedor. A cutia tem hábitos diurnos e era até criada como animal de estimação pelos indígenas. Quem sabe se a imemorial brincadeira infantil, o corre-cutia, não tem sua raiz na época colonial quando os nativos aculturados viviam junto com os primeiros brasileiros, especialmente com as crianças. Quem sabe?
Continuar lendoAs cartas eram tudo, relatos de viagem, narrativas do cotidiano, notícias de família, boas e más, pedidos, declarações de amores e comunicados de desamores. Sempre a incógnita do envelope que era entregue , conservado na mão, no bolso ou na bolsa, até o momento de abrir, na privacidade do quarto.
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