Quantas vezes, em milênios, se perguntaram os humanos,
sempre tão intrigados:
Por que teria ele se virado?

Quantas vezes, em milênios, se perguntaram os humanos,
sempre tão intrigados:
Por que teria ele se virado?
Oito filhos. De quatro mulheres diferentes. Quem dos meus amigos tem oito filhos? Dos meus conhecidos? Conhecidos dos meus amigos? Nenhum. Nos dias de hoje
Continuar lendoEntrou apressado na garagem, chegou à porta do carro, enfiou a mão esquerda no
bolso da calça para retirar a chave, entre as chaves do escritório, a de casa e o abridor do portão automático, achou-a, pegou-a, ia retirá-la, algo a travou, percebeu que a mão não conseguia sair, achou que tinha engordado e a calça não dava mais conta de seu corpo da cintura para baixo.
Poesia é vaso cheio
De elocubração vazia?
Ou elocubração cheia
De sentimento vazio?
Seria ela de emoções contidas
E lindas imagens que induzem
Inebriando se cantadas ou lidas
Ou são enganos que seduzem?
Não passa a dor da mãe sem o filho.
A raiva do inimigo,
não passa.
Não passa a fome do mendigo.
O calafrio do febril,
não passa.
Não passa o medo do escuro.
Não passa a asa da borboleta pelo casulo quebrado.
O poeta morreu.
O homem no carro não sabe.
As pedras se reviram.
Quietas, aguardam: pra onde nossos significados?
A lâmpada acesa do corredor trazia seus braços até o aconchego da cama de Clarita dando-lhe a proteção diária de todas as noites. Temia o escuro e não dormia de outro jeito, de jeito nenhum, nem lhe oferecendo estórias, de Alice, da Caronchinha, de Saci, da Vaca Vitória, do Peter Pan, nem chocolate quente, televisão sobre a cômoda, um presentinho ou outro, bom de fato, ou sem fato, nada. Nada a demovia do temor de ficar sozinha no escuro da noite em seu quarto, mesmo protegida pelas cobertas ou seus pais, amigos, bichos de pelúcia.
Continuar lendoPois é, esse assunto era para Setembro e já estamos no começo de outubro. Mas tem coisa que permanece na cabeça, até virar texto e não vou dar aos espíritos obsessores o prazer de me fazer esperar 11 meses e três semanas para ser politica e literariamente e correto. Então, nos primórdios de outubro, vou falar do que desejava ter falado em setembro.
Continuar lendoOs Odingás eram o casal mais velho da tribo. Na verdade, ninguém nunca, nem nas tribos vizinhas, tinha ouvido falar de gente tão velha! Eram tão velhos que as pessoas não sabiam mais quando tinham nascido, só eles lembravam de si mesmos! Nunca tiveram filhos. No início, ficaram muito tristes. Os Odingás amavam as crianças tanto quanto amavam ser adultos para poder cuidar das crianças.
Continuar lendoA criatura acima sou eu, psicobélica, personagem da família dos atravessadores. Macia ao toque e nem tão cheirosa, odeio água, pois banhar-me rouba-me a pele, a tatuagem. Desapareço. Lembram-se? Sou invisível. Geralmente.
Continuar lendoAté que chega o mês de agosto, mês da queimada. Acero para o fogo não passar para as fazendas vizinhas, pessoal saindo para todos os lados da fazenda, todos prontos cercando a área seca e, a um sinal, tacar fogo! De longe, bebê no colo, vejo tudo parada no vão da porta da cozinha.
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