Uma retrospectiva diferente: reunimos aqui as crônicas que esses velhos incríveis escreveram ao longo do ano e que recuperam o espírito do ano que passou tão rápido. Sente-se, pegue um café, venha ler…
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Uma retrospectiva diferente: reunimos aqui as crônicas que esses velhos incríveis escreveram ao longo do ano e que recuperam o espírito do ano que passou tão rápido. Sente-se, pegue um café, venha ler…
Continuar lendoFoi-se o tempo. Quando garoto ia ao Pacaembu todos os domingos. Às vezes, também aos sábados. Se estivesse de férias no Guarujá, atravessava a balsa para assistir ao jogo em Vila Belmiro. Antes de sairmos para o estádio, eu, meu irmão e, às vezes, os primos, fazíamos o aquecimento batendo bola defronte da casa ou na pracinha. A rua era território da molecada, lá se podia jogar à vontade, e ir desacompanhado ao estádio era coisa natural.
Continuar lendo– Estou só
– Se você estiver se sentindo sozinho saiba que:
Estou aqui para conversar!
Você não está completamente sozinho.
Há pessoas que se importam com você.
Se precisar de alguém para conversar, há organizações que oferecem apoio emocional
– Boa tarde, garoto, disse Valido. Eu tenho um encontro com o Dr Milton, às 14 horas. Fascinado pela presença de seu ídolo, o jovem confirmou o horário, pediu que aguardasse um pouco e pespegou-lhe a indagação atrevida:
– O senhor é o Valido, do Flamengo, certo?
-Sim, respondeu o craque, que, em seguida recebeu a segunda pergunta:
– Posso saber uma coisa?
– Fala, garoto.
A epopeia de uma semente….
Eternamente protegida
Das intempéries ao redor
Em fruta bem escondida
Vivendo sem esplendor
Deseja surgir renascida
Chegar na China por Pequim é assombrar-se. É entrar em uma modernidade ainda não vivida por nós e tb mergulhar em uma cultura com mais de 5 mil anos. Foi essa a porta que se abriu para mim e eu entrei.
Sem conseguir ler sequer uma placa e me sentindo também muda (eles ainda são monoglotas), senti que eu precisava de ajuda. Como esse é o Ano do Dragão, resolvi segui-lo. Vamos, ele me disse, não tenha medo.
Animadíssimas com o passeio de barco pelas doces águas do rio Tapajós, eu e minha amiga Silvia nos surpreendíamos a cada instante com a beleza e a exuberância da Amazônia, em Alter do chão, no Pará. Ao chegarmos ao rio Arapiuns, tive certeza de que não haveria no nosso planeta algo similar: uma praia feita de uma areia fina e clara, que é formada só na época das secas, emoldurando uma imensidão de água doce. Eu me sentia segura no frágil barquinho metálico que atracava na areia. A calma do rio me apaziguava.
Continuar lendoO fato ocorreu em nosso território: no Nordeste brasileiro. Um fato histórico. Um equívoco que pode ser interpretado, severamente, sob o olhar ético. No século passado, a recém declarada República empreende uma guerra contra seu próprio povo quando da Batalha de Canudos (1897). Ao Euclides da Cunha descrever o episódio desta guerra infame, ele embute nas entrelinhas do texto o desdém, o desconhecimento que o Brasil tem do ethos e da moris.
Continuar lendoNão sei se pelos últimos acontecimentos, ou pela minha idade avançada, recordei uma conversa com minha neta.
Ela tinha oito anos e estava na fase de achar “vovô sabe tudo”. Curiosa como sempre foi, fez uma pergunta peculiar para uma criança:
– Vô, o que é suspiro?
– Ora, querida, é aquele doce, doce, doce, que sua vó faz e sua mãe só deixa você comer um pouquinho.
– Não, vô, não o doce, aquele outro negócio que a gente sente, sei lá…
Antes de entrar no meu quarto de dormir, passo por um hallzinho que tem uma janela com duas lâminas de vidro. Uma sobe e a outra desce para um esconderijo devidamente camuflado com uma placa de madeira. Para defender-me de alguma eventual indiscrição do prédio em frente, instalei uma persiana que abro e fecho conforme o meu humor, mas…
Continuar lendoQue os cronistas vivem experiências surreais, isso é certo. Alguns as revelam, outros as escondem. Numa crônica de 1934, Humberto de Campos relatou a espirituosa conversa que tivera com um cãozinho vadio no Largo do Machado. Bem antes disso – no longínquo 1892 — Machado não conversou, mas entendeu perfeitamente a linguagem dos burros que puxavam o bonde em que viajava. Os dois muares especulavam sobre o destino que teriam com a chegada dos bondes elétricos. Isso mesmo, leitores: os beneditinos do cotidiano têm a faculdade de se comunicar com os bichos. É raro, mas acontece.
Continuar lendoLembrei-me do plebiscito da Noruega quando soube da construção de um túnel na Vila Mariana. Não há termos de comparação, afinal o que deu errado por aqui? Por que o povo é alijado de decisões que lhe dizem respeito? Penso na Ágora da Grécia antiga, mas isso também é sonhar demais, reconheço. Tapumes encobrindo o canteiro central da avenida Sena Madureira chamaram atenção dos moradores. Afinal o que está acontecendo, um vizinho indagando o outro. Descobre-se que um antigo projeto começou a ser implementado. Em meio à perplexidade, moradores resolvem organizar o protesto: não ao túnel.
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