Quando se desveste
Dessas suas pétalas
Descobre-se poeta
Que tão nu de veste
E essência de flores
Ignorando os pudores
Rima seus clamores
Com ranger de dores

Quando se desveste
Dessas suas pétalas
Descobre-se poeta
Que tão nu de veste
E essência de flores
Ignorando os pudores
Rima seus clamores
Com ranger de dores
Bom, o que me ocorreu é que o tempo funciona como uma gigantesca onda que nos carrega, queiramos ou não. Somos impotentes para oferecer resistência e, tal qual burro teimoso, ficar empacados, nem que seja por breves instantes. Ou, como o personagem que Chico Buarque criou na linda letra de Valsa Brasileira: “…corria contra o tempo, … rodava as horas pra trás, roubava um pouquinho…”
Continuar lendoO velório era o the end daquele filme meio drama meio horror que elas tiveram que assistir e que escancarava o fato de que a primeira da turma se fora deixando a pergunta no ar: quem será a próxima?
Esticaram o enterro num restaurante em Botafogo antecipando a primeira quarta-feira do mês e, como sempre, botaram a conversa em dia. Impressionante o tanto de novidade que se arruma em trinta dias – nesse caso, em vinte e cinco. Falaram de tudo, menos da Alice, afinal, o assunto já estava mais do que esgotado. Chamava atenção das outras mesas aquelas cinco senhoras trajando preto e branco conversando na maior animação, e foi apenas durante a sobremesa que uma delas traduziu em palavras o pensamento de todas. – Como vai ser quando chegar a nossa hora?
Continuar lendo“Sempre tendera a encarar as coisas despreocupadamente, a acreditar no pior somente quando acontecia, a não se inquietar com o dia seguinte…”
Franz Kafka
O tempo passei/Quando fiz meus dez/Bem vividos e nem lembrei
Então caminhei/Atingindo aqueles vinte/Porém, neles nunca pensei
Mas fui em frente/Quando em trinta cheguei/E então até me entusiasmei
Continuar lendoLá estava, um a mais na procissão de dias, acocorada, cotovelos nos joelhos, mãos apoiando a cabeça, parecia corcova de cupinzeiro, imóvel, olhar fixo, onde? Nem a respiração preguiçosa lhe movia, tampouco o friozinho conseguia tirar dela alguns arrepios, manhãzinha bem cedo, somente ela e alguns quero-queros trocando passos pela beira do lago, encoberto por uma larga e rala cobertura, qual algodão doce.
Continuar lendoO boi tem aqueles dois chifres na cabeça: são meros enfeites inúteis, só isso. Os mamíferos têm as mamas nos peitos, mas na vaca elas ficam atrás o que a impede de beijar a cria enquanto amamenta, prova irrefutável de ser um animal utilitário destreinado em afetos o que também é útil ao humano. O boi está sempre em pé sobre as quatro patas, e até quando dorme nunca fecha os olhos.
Continuar lendoImpossível não evocar as festas do passado, pois embora o Natal seja um símbolo de renovação, como o Ano Novo, nos remete diretamente para as telas do passado, pintada com cores de nossa imaginação, sempre lindas em tom pastel e com a leve fumaça que deixa transparecer o rosto daqueles que já se foram.
Continuar lendoCerto dia perguntaram ao sábio talmúdico Hillel, “por que não se poderia acender já nos primeiros dias todas as velas?”, ele observou que o ser humano tem, nesse gesto diário por oito noites, a oportunidade de trazer a energia do genuíno, daquilo que é verdadeiro, com serenidade, um dia após o outro; uma noite após a outra, em meditação.
Continuar lendoHistórias de Natal. O Natal repousa nessas narrativas favoritas que reúnem crianças, jovens e velhos no mesmo encantamento. Reunimos aqui as histórias de Natal que os velhos incríveis aqui no Clube escreveram ao longo dos anos, para você fazer como o Papai Noel da foto: em meio ao zum zum zum da cidade, sentar, ler e deixar a alma aquietar…
Continuar lendoUma retrospectiva diferente: reunimos aqui as crônicas que esses velhos incríveis escreveram ao longo do ano e que recuperam o espírito do ano que passou tão rápido. Sente-se, pegue um café, venha ler…
Continuar lendoMe conta uma história de papai Noel? – pediu João à sua mãe. Catarina, percebendo a chance de ouvir uma boa história, veio sentar-se junto aos dois. Era noite, e a família encontrava-se num hotel-fazenda na região do Pantanal, onde passaria o Natal. Tinham tido um dia maravilhoso, ao ar livre, e as crianças estavam fascinadas pela paisagem diferente de tudo que conheciam. Viram, juntos, vários tipos de pássaros, se encantaram com as araras azuis, andaram a cavalo, e bateram os pés contra a madeira do deque na beira do pântano para fazer emergir cabeças de jacarés atraídos pela vibração produzida pelas batidas.
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