(Para Bernardo P. Quintão)
Tece criança uma prece/Ao sol que paira perene/Grata quando amanhece/À luz que fornece solene/Sempre que à terra desce/E a noite logo esmorece

(Para Bernardo P. Quintão)
Tece criança uma prece/Ao sol que paira perene/Grata quando amanhece/À luz que fornece solene/Sempre que à terra desce/E a noite logo esmorece
Wekanã tenta mergulhar a cabeça, limitado pelas boias de braço que coloco todas as manhãs, receosa de que meu filho se afogue em mar sem ondas. O esforço vale a pena pelo sorriso que me devolve. Pele morena avermelhada, olhos grandes pretos, cabelo preto liso, franja curta. Corte tipo tigela, era como eu e minhas colegas de faculdade costumávamos chamar aquelas cabeças indígenas na primeira vez que cheguei por aqui.
Continuar lendo– Uai. Todo mundo tem meio medo da gente, da minha cara sem dentes, do cachorro sarnento.
– Ele morde?
– Não. O coitado nem tem mais dente. Que nem eu.
– Pena. Cachorro sem dente sofre mais que gente. Mais que gente sem dente.
– Aí a senhora falô coisa certa, viu? Eu me viro. Ele fica lambendo os osso que o Freire dá, num desespero.
contraface con.tra.fa.ce
nome feminino
1. lado oposto à face frontal
2. superfície que se situa no lado oposto ao que se observa; reverso
3. figurado aquilo que é oposto a; contrário
4. figurado parte de algo que está oculta ou escondida
Os vinte anos que juntos vivemos
deixaram em mim uma marca que é tua,
pois vezes há que já não sei
se o que sinto, sinto porque é meu
ou se tenho um sentimento que é teu.
Mas que título horrível! Só porque a pessoa fez sessenta anos, acha que pode se permitir falar de perdas? E as folhas que caem a cada inverno? Na primavera tenras, no outono amarelas? Caem no inverno…E aqueles répteis que duram um dia só: nascem, comem, acasalam e morrem? E as borboletas?
Continuar lendoSou o ímpar que restou
do par que pouco fomos,
o sorriso que sobrou
do sonho que sonhamos.
Um poema me chamou agora há pouco
acenou com o impulso e suas vibrações/me preparei com os dedos atentos/o laptop de boca aberta sorrindo/mas ele ainda não me veio
Um promotor de Vitória, Espírito Santo, aconselha a mulher a ‘segurar o facho’ e voltar com o marido que a agride violentamente, acusado de tentativa de feminicídio. Alega que é necessário manter a união da família para proteger os cinco filhos do casal.
Continuar lendoPor onde andas tu oh Noé?
Chamam-no do distante sul
Lá pela serra do rio grande
Onde o céu não anda azul
Esta mãe não me tomou pelas mãos
e me fez dono do mundo
que me veio pelos meus pés de vento
e olhos de tela de cinema
Na primavera
Com carinho dela
Fui nela
Concebido
E nasci